Pequeno guia da finalíssima da Suburbana

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Uma vitória para cada lado fez com que a decisão da Suburbana fosse para o terceiro jogo. Um campo neutro foi designado e o escolhido foi um dos templos históricos do futebol paranaense, a Vila Capanema, curiosamente num bairro da região central, mas de boa localização para as torcidas, sejam elas do Operário, do Nova Orleans ou do espetáculo. O Futebol Metrópole estará lá e faz um pequeno aquecimento para a última grande decisão do futebol local na temporada. Será cobrada contribuição de 10 reais pela entrada.

Últimos antecedentes

Chegando como surpresas, Operário Pilarzinho e Nova Orleans não economizaram nas surpresas na decisão também. Na casa do Orleans, deu Operário por 1 a 0, gol de Erlon. Na cada do Operário, deu Nova Orleans por 3 a 0, dois gols de Juliano e um de Victor. Como não há saldo na decisão, quem vencer leva, seja no tempo normal ou seja nos pênaltis.

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No Operário, a ordem é juntar os cacos da derrota surpreendente em casa. Se no primeiro jogo, o time Tricolor aproveitou as chances que teve e depois soube se defender da pressão adversária, na volta teve dificuldades com a saída de bola e foi facilmente envolvido pelo adversário. Thiago Oliveira volta ao time após suspensão pelo terceiro amarelo.

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O Nova Orleans tem como palavras de motivação ter bastante garra na decisão. Na primeira partida, desfalcado de Giovani, não conseguiu ter repertório suficiente para furar a defensiva do Operário. Com seu camisa 10 titular, as jogadas começaram a aparecer e o resultado veio. Apesar da decisão estar aberta, o melhor viés psicológico acaba sendo o do Nova Orleans.

Chaves

Vá (OPSC) – O polivalente jogador do Operário é alternativa de boas jogadas pelos lados do campo. Atacante de origem e que atuou em praticamente  todos os lugares do campo, é a arma mais letal do técnico Peterson.

Thiago Oliveira (OPSC) – Não ter jogado a segunda partida dá a noção de quanta falta fez. Com ele, o Operário é mais lúcido na defesa e ganha mais segurança na saída de bola.

Giovani (UNO) – O camisa 10 é o homem de velocidade e criatividade do meio de campo do Verdão do Oeste. Com ele em campo, a equipe do técnico Oliveira ganha em repertório e imprevisibilidade.

Juliano (UNO) – O camisa 8 é um meia bastante alto e de passadas largas. Trabalha bem na armação e mostrou uma boa chegada ao ataque na última partida.

O palco

Tradicional estádio do Paraná Clube, a Vila Capanema, coroará o campeão da Suburbana
Tradicional estádio do Paraná Clube, a Vila Capanema, coroará o campeão da Suburbana

A Vila Capanema é um palco histórico para o futebol paranaense, brasileiro e, quiçá, mundial. Inaugurado em 1947, recebe o nome de Durival Britto e Silva, então presidente da Rede de Viação Paraná Santa Catarina (RVPSC), estrada de ferro a qual o Clube Atlético Ferroviário era ligado. Foi Britto e Silva que doou a área ao Boca Negra. O clube pagou apenas pela mão de obra da construção, pois o material foi doado pela construtora Irmãos Thá, que executou a obra.

Por ser o maior e mais moderno estádio de Curitiba à época, recebeu dois jogos da Copa do Mundo de 1950. Para aquele evento, recebeu um lance de arquibancadas temporárias de madeira na Curva Norte, onde tinha uma concha acústica. Era também a casa dos jogos de maior público do Atlético, clube cujo estádio fica no fim da mesma rua da Vila Capanema, nos anos 60 e 70.

Em 1971, o Ferroviário, em crise após a incorporação da RVPSC pela Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA), iniciada em 1957 e concluída em 1969, decide se fundir a outros dois clubes que passavam por dificuldades, o Palestra Itália e o Britânia, constituindo o Colorado. Se permitiu, por um lado, ter mais patrimônio e parque social, por outro começou uma longa batalha na Justiça, pois a RFFSA passou a requerer o terreno.

Mais tarde, em 1989, o Colorado, fundiu-se com o Pinheiros, resultando no Paraná Clube, atual mandante do estádio. Durante a gestão paranista, o estádio passou pela maior reformulação de sua longa história, o Projeto Vila Tá Na Hora, que em 2007 inaugurou novos camarotes na Reta do Relógio (relógio este de corda, tombado pelo patrimônio histórico) e a nova Curva Norte, que deu novos acessos ao estádio, aproveitando a construção da Avenida Dário Lopes dos Santos, em 2000, que separou o terreno do estádio do terreno do pátio de manobras da Estação Ferroviária.

A RFFSA foi dissolvida em 1998 após ser leiloada e concedida à iniciativa privada. Seu patrimônio passou para a União, que assumiu o processo. Depois de ter sido a casa do Paraná na Libertadores de 2007 e depois do Atlético na Libertadores de 2014 (quando a Arena da Baixada estava em obras), o estádio pode estar com os dias contados. O clube e a Prefeitura estão costurando um acordo para colocar fim ao impasse: o governo municipal pediria a área para a União para construir prédios da administração e, em troca, pelas melhorias efetuadas na área, construiria um novo estádio para cerca de 30 mil lugares (a Vila Capanema tem cerca de 20 mil) no terreno onde hoje fica a Vila Olímpica do Boqueirão, outro estádio do Paraná.

Berço do samba

As baterias das torcidas de Operário Pilarzinho e Nova Orleans podem até não saber, mas a Vila Capanema é um dos berços do samba paranaense. Perto dali, na Vila Tassy, no atual Rebouças, vivia Ismael Cordeiro, o Maé da Cuíca (1927-2012). O músico foi campeão paranaense de 1953, ano do Centenário da Emancipação do Paraná, pelo Ferroviário, e depois fundou, sob as arquibancadas da Reta do Relógio, a primeira escola de samba da cidade, a Colorado. Maé da Cuíca foi um prolífico compositor que trabalhou compondo até perto de sua morte e influenciando a música popular.

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