Pílulas da Suburbana (XXXIII)

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Uberlândia e Olímpico se enfrentam pela Copinha do ano passado: competição deste ano não teve nem arbitral marcado

Até agora nada…

Até o presente momento em que é escrita esta nota, noite de terça-feira, não tínhamos nenhuma divulgação de datas para os arbitrais da Taça Paraná e da Copa de Futebol Amador da Capital. No ano passado, a esta altura, já tinham sido realizados.

Será?

Um dos possíveis motivos apresentados para a demora seria o processo eleitoral da FPF. No entanto, as regras de antecedência para tabela de competições amadoras são menos rigorosas que das profissionais. Para se ter ideia, o Brasileirão Série C já tem sua tabela básica divulgada.

Embate

Pelo regimento, o atual presidente Hélio Cury terá direito a apenas mais um mandato de três anos frente à entidade. Deverá ter como adversário o advogado Gilberto Ponce. O também advogado e ex-presidente do Iguaçu Jadir Setti chegou a lançar pré-candidatura e articular alguns apoios no fim do ano passado.

Obstáculo

No entanto, há uma cláusula no regimento que pode inviabilizar quaisquer candidaturas de oposição: a necessidade de subscrição de pelo menos 20 eleitores (clubes ou ligas filiados). Até pouco tempo, eram necessários apenas 10 assinaturas, mas o número foi aumentado para 20. Assim, a tendência é da oposição tentar fechar em um nome apenas.

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Três perguntas para: Alexandre Oliveira, técnico do Nova Orleans

Aos 43 anos, Alexandre Oliveira já foi jogador de equipes como Bairro Alto, Vila Fanny, Trieste e Ypiranga. Como treinador, tem um êxito impressionante já na primeira experiência: um título em 2014 com o Nova Orleans. Depois da glória, saiu depois da Taça Paraná de 2015, voltando no ano seguinte como treinador ao próprio Orleans. Em 2017, por motivos particulares, passou a ser coordenador técnico, cuidando mais dos bastidores. Agora, em 2019, volta a treinar a equipe, acumulando também funções de bastidores.

1: Olhando em perspectiva, o sucesso rápido com aquele time de 2014 pode ter colocado pressão no Nova Orleans nos anos seguintes? E como o clube está fazendo para lidar com essa pressão tendo mudado muito internamente, inclusive tendo perdido o presidente [Mário Lipinski, morto em 2016] daquela oportunidade?

Em 2014, tínhamos um time muito unido, um bom time e a competição tinha outras forças. O que fez ser campeão foi o conjunto. O Reinaldo Lisboa, que neste ano agora está no União Ahu, teve problemas particulares e teve de sair na terceira rodada. Então, decidiram deixar como efetivo. Foi a primeira vez na Suburbana, pois tinha treinado Liga de Pinhais. Aquele grupo era diferente, muito forte fora de campo. Não foi fácil, pois o clube estava há 20 anos sem ganhar título e não era favorito. Santa Quitéria, Iguaçu e o próprio Trieste a principio eram os favoritos e a gente conseguiu ir para duas chaves de quatro.  Era um grupo forte que decidia todas as coisas juntos.

Parece que a pressão é de apresentar futebol, mas apesar da estrutura, não temos muitas verbas. Tem time que gasta muito, mas somos humildes, nossa receita é baixa e nosso lance é garimpar talento, montar times com alguns experientes e maioria de jovens. Esse ano vai ser um pouco diferente. Vamos descobrir mais valores, mesclar experientes com eles. Não vamos disputar a Copinha, mas começamos a treinar na segunda semana de março. Todo time que é campeão sofre pressão de alguma maneira, em relação a títulos. Como explica uma estrutura e não tem investimento? É muito difícil fazer futebol com pouco dinheiro, tentar busca jogador , mas estamos na luta.

A perda do presidente em 2016 foi lastimável [Mário Lipinski teve um mal estar repentino no dia 8/8/2016 vindo a falecer]. Respeito todos os presidentes antigos, como o Vilson do Vila Hauer, o Genivaldo do meu time do coração, o Bairro Alto. Em 2016, quando voltei, o time perdeu nas semifinais para os pênaltis para o Iguaçu e sentiu o baque. O Iguaçu foi campeão em cima do Quitéria.

2: O que ter trabalhado fora do campo, coordenando, deve te ajudar como técnico neste retorno?

Treinador e coordenador é um conjunto. No caso de coordenador, o que ajudou, é ter avaliação criteriosa da parte técnica.  A montagem de elenco, parte que começa agora, é mais completada. O treinador tem enfase de contratar aqueles que gosta, tem preferencias. Juntei duas coisas, montei comissão com pessoas que ajudam, mas são pessoas que fazem parte do clube. Eles entendem de futebol, têm vinculo com o clube, no intuito ter mais opinião, foi o que fez em 2014. Ter estado nas duas funções ajudou a enxergar o futebol dos dois lados, não só como treinador.

3: São apenas 5 anos, mas mudou muita coisa da Suburbana de 2014 para cá na tua opinião?

Eu vou ser bem sincero, da de 2014 não mudou muito. Ser campeão e fazer final com Pilarzinho em três jogos, perder em casa, ganhar fora e ir para a Vila Capanema em decisão bem equilibrada, acho que nunca mais acontecer. Posso estar enganado, não tem muita chance. Time de ponta não monta mais time com R$ 3 mil por jogo. Hoje é por R$ 10 mil, R$ 7 mil. Não tenho esse material, vou precisar garimpar. O que sinto falta é da dos anos 90, 2000. Dessas eu sinto falta porque tinha amor à camisa. Veja que legal o Urano postando fotos no Instagram com seus ídolos! Diga-me hoje que clube tem isso hoje, de conseguiu guardar seus super-heróis? Aquilo foi demais! Fui adversário deles, sinto saudades deles.

Hoje, perdeu o brilho. Hoje é estrutura e dinheiro. Muitos fechavam por gostar do clube e não pelo dinheiro que iriam receber. Eu sinto falta dessa Suburbana que nunca vai voltar mais. Futebol profissional está em decadência, Suburbana também. Isso pelos clubes, decisões de jogadores, tudo. Tem vários fatores que causaram isso. Precisa voltar o amor à camisa. Sou apaixonado pelo Bairro Alto, curto muito o Nova Orleans, gosto do Fanny e do Ypiranguinha. Colocando a diferença de 2014 para cá um questionamento. As pessoas falam muito da Federação, mas se não existisse, como seria? Os clubes se juntariam em uma Liga? Como fazer? Por que os clubes não se unem para fazer algo melhor. Não acho que o presidente da Federação seja o único culpado, mas sim o sistema como um todo, pois tem falha de todos, clubes, jogadores, presidentes. Todos têm de fazer a diferença.

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