“A verdade é filha do tempo, não da autoridade.” (Francis Bacon, o filósofo, não o delegado da partida)
Matéria atualizada às 16h36 com informações a respeito da RDJ
Os leitores usuais talvez lembrem da reportagem nossa sobre a primeira rodada da Copa de Futebol Amador da Capital. Naquela tarde do feriado de 21 de abril, no Parque Linear, a preliminar foi o clássico entre Uberlândia e Capão Raso. Durante o jogo, quando o placar apontava 3 a 2 para o Uberlândia (a contenda acabou em 3 a 3), o delegado da partida, Francis Bacon, suspeitou da identidade de dois atletas durante a partida e pediu ao Capão Raso que mostrassem os cartões de identificação dos atletas novamente (para os não-iniciados, os jogadores recebem um cartão de identificação assim que são confirmados no BID, pelo menos na Federação Paranaense de Futebol). Diante da negativa, ele pediu ao árbitro Maykon Brito de Freitas que paralisasse a partida. O jogo recomeçou dez minutos depois após receberem aval do jurídico e da comissão de arbitragem e medidas seriam tomadas via relatório da partida.
PARÁGRAFO ATUALIZADO: Na súmula, esta de responsabilidade do árbitro, consta que não houve ocorrência disciplinar:
ATUALIZAÇÃO DE DOIS PARÁGRAFOS: Conforme explicou no comentário da matéria, o delegado da partida, Francis Bacon, enviou as evidências dele por meio de um outro documento chamado RDJ, que não tivemos acesso. Logo, o objeto deve estar com a procuradoria do TJD.
Na verdade, não só as suspeitas que Francis Bacon apontou estavam certas como o Capão Raso alinhou com pelo menos mais um jogador com identidade falsa, o camisa 10. O Futebol Metrópole teve acesso a documentos e cruzou com imagens das duas primeiras partidas do Capão Raso na temporada, imagens de arquivo e imagens cedidas para provar as irregularidades. Irregularidades estas já sob investigação pela procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Federação Paranaense de Futebol (FPF), pois um detalhe, que mais tarde esmiuçaremos, acabou pulando aos olhos da entidade.
Os atletas (5) Carlos Eduardo Araújo, (8) Higor Sales Santos e (10) Wagner Holanda Martins não estavam em campo. Em um caso, conseguimos identificar o substituto. Nos outros dois, mostramos que não eram os verdadeiros jogadores com este nome. Teria sido um subterfúgio do Capão Raso para evitar um WO por falta de jogadores em condições físicas ou de agenda de trabalho naquela tarde.
A manobra pode custar pontos ao Capão Raso, vice-líder da Copa de Futebol Amador da Capital, com 11 pontos, um a menos que o líder Imperial, mas com uma partida a mais. O Tricolor de Aço ainda corre o risco de ser multado, sem contar possíveis suspensões a atletas, dirigentes e membros de comissão técnica dependendo do nível de envolvimento na manobra. Isso apenas no âmbito esportivo, que é o que nos interessa neste caso.
Carlos era Kairo
O primeiro jogador irregular detectado é o camisa 5, que constou na lista do Parque Linear como Carlos Eduardo Araújo, atleta que tinha jogado a temporada passada pelo Capão Raso, mas não identificamos em nenhum dos jogos que fizemos na temporada que passou.
No entanto, o Capão Raso escalou o mesmo camisa 5 na partida seguinte, contra o Shabureya, com a mesma camisa porém com o nome verdadeiro. Era KairoPadilha da Silva, volante, com passagens por Fortaleza e Vila Sandra.
A maior estranheza que esta reportagem teve na partida do Parque Linear é que o Capão Raso retardou ao máximo a entrada em campo com o time pronto por vários minutos e o time foi bastante relutante para tirar foto posada, coisa nunca vista antes por este repórter. A muito custo, ainda sem saber de todo o rolo, o time foi convencido a tirar a foto. No entanto, vários atletas a tiraram de cabeça baixa, o que não impediu o reconhecimento de alguns.
Temos também uma imagem dele em campo, lembrando que o Capão Raso relacionou apenas 11 naquele jogo:
No jogo seguinte, contra o Shabureya, a reportagem chegou com a bola rolando, restando apenas uma foto do atleta em ação.
O verdadeiro Higor Sales é goleiro e não estava no Parque Linear
O Capão Raso escalou com a camisa 8 no Parque Linear um atleta sob o nome de Higor Sales Santos. No entanto, o verdadeiro Higor Sales Santos é goleiro, tendo passado pelo próprio Uberlândia, adversário daquela tarde, uma irregularidade que foi questionada durante a paralisação, e é bem diferente do biotipo do atleta que alinhou naquela tarde no Cajuru.
No entanto, olha a diferença para o verdadeiro Higor Sales:
Quem atuou tem um tipo físico completamente diferente.
Falso Sabonete foi eficiente como o verdadeiro
O terceiro jogador com identidade falsa passou despercebido pelo delegado da partida e pelos demais até aparecer na artilharia. Foi o camisa 10 da partida, autor de dois gols. Na súmula está usando o nome de Wagner Holanda Martins. A questão é que saltou aos olhos da Federação Paranaense de Futebol, pois é este o nome do meia Sabonete, registrado pelo Capão Raso, mas que está fora dos gramados devido a uma fratura no braço. Por isso, a promotoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) abriu investigação sobre o ocorrido na partida, o que aponta para mais um ato nos tribunais. Na última semana, tanto Uberlândia quanto Capão Raso foram (justamente) absolvidos das acusações de promover tumulto na partida.
Sabonete é um jogador dono de certo renome nos gramados devido à qualidade técnica e também pelo inegável carisma. O que assusta é que o substituto foi tão eficiente quanto o original, embora de características diferentes (atuou um atleta com excelente batida na bola no lugar de um meia-atacante insinuante na condução de bola).
A reportagem, ao pegar as escalações da partida no Parque Linear, com a bola já rolando, e depois perguntar quem tinha de novo no time, chegou a perguntar por Sabonete, ouvindo a informação do técnico Júnior Saurim: “ele está machucado”.
O “Wagner” que atuou na partida foi este:
Enquanto que o verdadeiro Wagner Holanda “Sabonete” Martins é o que está sorrindo de lado nesta foto posada na Copa de Futebol Amador do ano passado:
Sou o delegado do partida, Francis Bacon, observe que o relatório que o site cita atitude estranhamente minha de não ter relatado a situação dos jogadores, esse relatório é de competência do arbitro, o meu relatório não é esse, é um verde chamado RDJ, nele relatei o fato que está em poder da federação, por favor corrigir, pois o jornalista que estava lá vou o quanto cobrei a situação, não fui conivente como o texto demonstra. Obrigado
Acrescentarei à matéria. Obrigado.
Verifique se possível se agora a atualização confere
Moro é a República de Curitiba! Ou era?
O que rolou com esses caras, que estavam tímidos na hora das fotos? Jogador de futebol tem aquele jeito matreiro de viver a vida. O jeito alegre de ser. rsrsrs estavam tristes pela falta de reservas?