Quando subiu para o profissional do Paraná em um dos piores momentos da história do clube, em 2011, na campanha do rebaixamento no Campeonato Paranaense, com apenas 19 anos, o goleiro Jociel Henrique era elogiado como pegador de pênaltis e disputava posição com Thiago Rodrigues, hoje no Figueirense, e Luís Carlos, hoje na Portuguesa, ambos mais velhos. Parecia a história de um goleiro que estava fadado a logo assumir a camisa 1 do Paraná quando ficasse mais experiente, mas cinco anos e duas graves lesões depois, aos 24 anos, a vida do goleiro de 1,92 metro de altura deu uma reviravolta. Sem contrato profissional desde a metade de 2015, Jociel Henrique defende a meta do Novo Mundo, time que disputa a Copa de Futebol Amador da Capital e a Suburbana.
Em 2012, o goleiro que estava disputando posição, sofreu uma fratura no pulso esquerdo, que o tirou de combate por cinco meses. Em 2014, teve de operar menisco do joelho. “Sem dúvida, acredito que me atrapalhou muito. Em 2012, estava disputando posição com dois grandes goleiros e aí você é obrigado a parar e acaba regredindo e perdendo bastante tempo para poder voltar ao nível anterior. Depois, voltei e estava bem recuperado”, contou Jociel Henrique após a vitória do Novo Mundo sobre o Vila Fanny por 6 a 1 no último sábado, em que foi vazado apenas uma vez em cobrança de pênalti batida pelo atacante Dinda. “Ele me lembrou a frieza do Paulo Baier na hora de cobrar o pênalti”, analisou o camisa 1, que enfrentou durante sua passagem pelo Tricolor alguns dos mais tarimbados jogadores do futebol brasileiro dos últimos anos.
Em junho de 2015, com o fim do contrato e a não renovação após sete anos na Vila Capanema, as coisas mudaram bastante para o goleiro, que mora em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Para sobreviver, passou a trabalhar como servente de obras, até que recebeu um chamado no começo deste ano para defender o Novo Mundo e recomeçar debaixo dos três paus no futebol amador. “Eu estava em casa trabalhando quando tive o convite do ‘seu’ Ivo [Petry, treinador do Novo Mundo] e vim para cá. Primeiramente, estou feliz pelo recebimento aqui e sou grato a ele ao Décio, ao Mazza e todos da comissão técnica”, contou Jociel.
O camisa 1 da equipe que tem até agora a melhor campanha da competição e encara o surpreendente União Ahu nas semifinais tem como sonho voltar a atuar profissionalmente. “Eu pretendo sim [voltar a ter chances no profissional], mas entrego nas mãos de Deus. Se for da vontade dele voltar. Se não fosse aquelas duas lesões, talvez as coisas poderiam ter sido diferentes e mudado minha história”, explicou Jociel Henrique.
O Novo Mundo volta a campo sábado (14), às 15h30, no Ricardo Halick, contra o União Ahu. Confira aqui a rodada completa.