Novo Mundo chega à primeira final da Suburbana de sua história

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por Gladson Rafael Nascimento, autor convidado

Arena Vermelha no duelo entre Novo Mundo e Iguaçu (foto: Gladson Rafael Nascimento)

A historia está sendo escrita. Quase um século foi o tempo que o Novo Mundo esperou para jogar sua primeira final do campeonato Suburbano mais legal do mundo.

No último sábado (8), na Arena Vermelha, de um lado ninguém menos que o time decacampeão da competição, que disputou as ultimas cinco finais, levando duas delas, seu técnico (Marquinhos Passaúna) o atual campeão, nomes conhecidos e uma camisa para lá de pesada, como diria o jargão.

Do outro o anfitrião, o Novo Mundo, que chegou na 7.ª Rodada somando apenas um ponto na tabela, cuja briga era contra o rebaixamento, mas naquele dia 6 de agosto virou a chave, bateu o Trieste (que roteiro bom, hein), conquistou sua primeira vitória e desde então não perdeu para mais ninguém, deixando o fundo da tabela e carimbando a vaga para os playoffs.

Ainda em tempo lembro da 8.ª Rodada, quando recebeu o Operário Pilarzinho (atual campeão). Meu Pai (Amilton) e eu estávamos na arquibancada. Entre uma cerveja e outra, geralmente gostamos de ficar analisando e estudando possibilidades de jogo das equipes. Na verdade queríamos ser Brian Clough e Pete Taylor, mas naquele dia não. Ficamos embasbacados com tamanha qualidade e organização do Novo Mundo. Não fazia sentido aquele time que massacrava o adversário em campo estar apenas com quatro pontos com solidez defensiva, organização na transição, meio campo rápido, goleiro seguro. Enfim, poderia eu ficar achando dezenas de adjetivos para tentar explicar o quão bom era o time que assistimos naquela dia. Particularmente, há muitos anos acompanhando a Suburbana ainda não tinha visto (nem parecido) nível de jogo igual.

Na saída do estádio naquele dia, sem querer fazer exercício de futurologia e sob o efeito de alguns copos de Brahma [nota do editor: aceitamos parcerias, Ambev], lembro nosso comentário (meu pai e eu) após o sonoro 5 a 1 sobre o Operario: “Vai ser difícil alguém batê-los aqui jogando assim”.

Não só foi difícil como esta sendo, pois ninguém mais ganhou do Novo Mundo. A torcida dos Diabos Vermelhos (vou carinhosamente chamar o NM assim) que me perdoe e já ative o modo antizica, mas o time dos fazedores de polenta, com a bola burocrática que vêm jogando, terão que correr o dobro do que vêm correndo. Do contrario, o time do professor Ivo Petry vai gastar a bola e fazer o que sabe de melhor: colocar todo mundo na roda. Sobre o “seu” Ivo, mais um capitulo sensacional sendo adicionado em sua historia. Merece uma coluna só para ele, mas ai fica por conta do Adm do portal que conhece muito mais que eu e conta de forma bem (disparado) melhor.

O jogo

Portão de entrada da Arena Vermelha (foto: Gladson Rafael Nascimento)

Foram necessários dois minutos após o apito inicial de Leonardo Ferreira Lima para saber que a vida do goleiro Juninho (SOBE Iguaçu) não seria fácil.

Entendo que os desfalques por contusão (que não eram poucos) e suspensões automáticas fizeram o treinador Marquinhos Passaúna armar um time bem diferente do que foi ao longo da competição. A tarefa para reverter o 0 a 2 do jogo de ida precisava ser desenhada de forma que surpreendesse o Novo Mundo. Três zagueiros e três volantes foi formação interessante no papel, mas só no papeç. A dupla de zaga Douglas e Emerson claramente um pouco (modéstia) fora da melhor forma física contava com o voluntarioso Krisman para salvar nas coberturas. Havia um buraco entre a saída de bola e o ataque e Aroldo corria de um lado para o outro sem chegar a lugar nenhum.

Foi ali no meio campo que a partida se desenhou. A ideia de Ivo Petry funcionava de forma clara e coesa: marcação baixa e ocupando os espaços deixados pelo time alvinegro, recuperação de bola e contra ataque. O gol de abertura do placar saiu no minuto 39 dos pés do bom atacante Natan, que, em uma das inúmeras bolas nas costas da zaga, saiu sozinho com Juninho que nada pôde fazer. A essa altura já se via “a língua de fora” de maior parte do elenco do Iguaçu, que corria desesperadamente para evitar o inevitável gol dos Diabos Vermelhos. Juninho já havia salvado três grandes chances, e, se contarmos os erros do setor de ataque naqueles lances “é só fazer”, poderia o primeiro tempo ter finalizado 5 a 0 que não seria absurdo.

Na volta do intervalo Marquinhos desfez o trio de zaga, afinal precisava arriscar. O que parecia um esboço de recuperação com o gol de empate de Luizinho logo aos 7 minutos da etapa final caiu mais na conta do acaso do bate e rebate do que organização e criação da jogada.

Não teve remontada, pois, após o susto do gol, rapidamente a partida voltou ao seu normal. Só o time de vermelho jogava, avançou a marcação, rodava a bola como queria, e, com domínio seguro e objetivo, não sentou no resultado (o que a maioria faria) . Queria mais. O gol era questão de ajustar o pé, e acabou saindo mais duas vezes, aos 33 e 40 minutos ambos marcados por Bruninho. O segundo, no caso, um golaço em faltou zagueiro para ser driblado, sobrou categoria, goleiro no chão e classificação mais que assegurada.

Destaques

Torcida do Novo Mundo ocupando a reta principal da Arena Vermelha (foto: Gladson Rafael Nascimento)

Com dois gols na jornada Bruninho é o jogador que todo time quer: rápido, habilidoso, versátil demais pelos lados do campo, ponteiro clássico.

Natan o 9, chama o jogo. Forte fisicamente, perde poucas jogadas. Quando sobra guarda o dele.

Gabriel, o lateral esquerdo, esbanja vitalidade, corre e pensa, algo raro para a posição.

E a dupla do meio campo? Que dupla! Tomada as devidas proporções (sempre vem algo horrível depois desta consideração),  permito-me brincar com algumas parcerias clássicas como Clodoaldo e Rivellino, Dunga e Mauro Silva, Xavi e Iniesta, Pirlo e Gattuso e tantas outras. Iago (5) e Eder (7, faixa de capitão) ditam o ritmo do jogo, completam-se na meiuca e sobram em campo.

Iago é o cara da leitura de espaço, combativo e bom na primeira bola, passando a segurança na frente da zaga que acerta qualquer time.

Eder é o jogador “moderno’’: ocupa, avança, acelera quando precisa e diminui quando quer a velocidade do jogo. Como gostam de dizer os comentaristas, “pisa na área”. O guri é brabo.

E, já que me permiti a correlações com zero analise séria ou cientifica, vai mais uma: se o Novo Mundo para mim são os Diabos Vermelhos, Eder é o box to box que jogaria ao lado de Scholes na turma de 92. Ninguém jogou mais bola esse ano que o todo-campista vermelho. Lembrei disso porque 92 é a idade do Novo Mundo, seu aniversario é só em março, mas o presente eles já querem agora.

Dois jogos são o que resta para essa gurizada porreta mostrar o que sabe. Se eu fosse você e já que ficou ate aqui lendo esta historia, não deixe de ir até a Arena Vermelha nesta final (o jogo de ida é no próximo sábado, dia 15). O Teatro dos Sonhos da Zona Sul curitibana vai ferver.

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