Os estradivários são violinos que foram produzidos entre os séculos XVII e XVIII pelo luthier Antonio Stradivari. São considerados os mais perfeitos destes instrumentos e até hoje, após muitos estudos, os cientistas não conseguiram reproduzir os sons deles com perfeição em novos violinos. Alex é um desses instrumentos, um jogador do tipo que não fazem mais.
O domingo (7) no Couto Pereira será o último ato do estradivário Alex. Diante do Bahia será o jogo final da carreira. Decisão amadurecida com o tempo e aparentemente irreversível. Quem viu lembrará e quem não viu só no videotape.
Os detratores reclamam de que ele some do jogo. Mas o violino de uma orquestra não precisa estar soltando seu som o tempo inteiro. O que importa são os solos e pontes precisas. São os passes decisivos, os gols decisivos, aquele chute canhoto certeiro para as redes ou para um companheiro que apenas toque os pratos do fim da canção.
Um violino não é só a construção inata e Alex não é só talento puro. Teve a afinação, os anos para aprimorar fundamentos, o começo no futsal, o crescimento no Coritiba, os perrengues de quem atravessava parte da cidade a pé para treinar, o lançamento no time de cima, a ida para os Palmeiras, as seleções de base e principais, as frustrações de pouco tempo de Parma e de Flamengo, a redenção no Cruzeiro, a idolatria no Fenerbahçe, a volta à casa, a falta de jogar uma Copa do Mundo, o Bom Senso FC. Tudo de bom e de mau pelo que passou ajudou a forjar o Alex que veremos se despedir dos gramados. É como se fosse um violino, o modo como é tratado e tocado, apertada as cortas e conduzido com o arco. Dificilmente um violino é 100% igual a outro, como dificilmente se terá outro Alex, um dos últimos estradivários do futebol brasileiro.